Política, Cultura, Trabalho e Movimentos Sociais
Publicado: 26/07/2017 - 15:35
Última modificação: 01/03/2023 - 14:03
A linha de pesquisa congrega investigações em torno da dinâmica social contemporânea do Brasil e de outros cenários nacionais. São abordados temas e autores, nacionais e internacionais que, no interior das e nas fronteiras entre cada uma dessas sub-áreas de pesquisa, iluminam questões sociais candentes que estimulam o debate acadêmico na antropologia e na sociologia em torno das interfaces entre política, cultura, trabalho e movimentos sociais. O debate em torno dos conceitos de cultura e política pretende enfatizar aqui as formas e dinâmicas culturais em sua relação com o campo da política. A cultura é pensada no plural, garantindo a especificidade e a diversidade dos sujeitos estudados, assim como o reconhecimento de sua capacidade de reinvenção. Nesse sentido, buscaremos compreender os processos através dos quais os atores e agencias redefinem suas relações, valores e conferem sentido ao mundo social a partir da experiência da ação política, quer individualmente, a partir da análise de trajetórias, quer a partir do associativismo, das organizações e entidades diversas. A mediação cultural e política permite-nos apreender assim novas configurações sociais a partir do panorama dos fluxos, cada vez mais intensos, de pessoas, objetos e coisas onde o conceito de cultura torna possível não somente o entendimento acerca da democracia, como de novos parâmetros para as relações sociais e para as diferentes formas de percepção e conhecimento do mundo. A discussão envolvendo o alcance da política se propõe abarcar um amplo arco de questões, sem confiná-la a apenas uma de suas dimensões. De um lado, essa opção envolverá uma releitura dos marcos clássicos em que a política foi posta historicamente, guardando estreita relação com o poder estatal. De outro, impõe-se que o debate se mostre permeável à assimilação de outras contribuições que distenderam seu raio de abrangência, especialmente em décadas mais recentes, quando se assistiu a um como que "estilhaçamento" do conceito de política, que passou a permear múltiplas manifestações que a deslocaram daquilo que, durante muito tempo, constituiu, por assim dizer, seu ponto fixo. Dessa forma, pretende-se dar conta tanto da política institucional, fincada no âmbito da macropolítica, quanto de suas expressões moleculares ou microplíticas. Como decorrência disso, descortina-se um amplo campo de estudos e de investigações que estabelecem diferentes tipos de associação entre a política em geral e as relações de poder, onde quer que estas se apresentem, a fim de tentar apreender a "politização do social". O tema do trabalho tratará das pesquisas que versam sobre como - nas formas de ser do capitalismo contemporâneo, com ênfase para a realidade brasileira ? se constituem as classes trabalhadoras em suas experiências de atuação na produção, organização, mobilização, reivindicação e intervenção no cenário político. O horizonte temático diz respeito ao amplo e complexo conjunto de aspectos (relações de trabalho, processo produtivo, movimento operário, sindicalismo, configurações atuais dos assalariados, trabalho produtivo/improdutivo, modalidades de precarização do trabalho, espaços de identidade) que reiteradamente instigam estudiosos na sociologia do trabalho. Quanto aos movimentos sociais, as investigações abordam os principais paradigmas e propostas teóricas (clássicos e atuais) a respeito da emergência desses fenômenos sociais que têm se mostrado fundamentais para a compreensão da dinâmica política contemporânea. Nesse exato sentido, busca-se, por um lado, refletir a respeito de sua originalidade e de suas condições de possibilidade. Ao mesmo tempo, há um esforço de análise de contextos históricos (nacionais e internacionais) específicos nos quais os movimentos sociais têm se revelado mais expressivos e significativos.